Ser amado ou ser temido?
Se você precisar escolher entre ser amado ou ser temido por seu time, qual opção você escolherá?
Entenda mais
O que você pensa sobre a famosa frase: “É melhor ser temido do que amado, se não se pode ser ambos”? Ela foi escrita por Nicolau Maquiavel em sua obra O Príncipe, transmitindo sua visão sobre o exercício do poder.
Na época, a defesa é de que o temor traz ao líder maior segurança.
Já o amor é um sentimento frágil e depende da lealdade dos outros.
Essa visão, embora controversa, marcou profundamente a filosofia política ocidental.
O problema é que fazer a gestão de pessoas pelo medo pode gerar obediência, mas também revolta e isolamento.
Enquanto liderar pelo amor (vou substituir por confiança), gera vínculos fortes e cooperação espontânea.
O líder precisa levar as pessoas a acreditarem em seu trabalho e a confiarem nele.
Como
Você mostra quem você é como líder quando as pessoas te enxergam como pessoa.
E quando elas acessam você verdadeiramente, você tem a chance de construir um círculo de confiança poderoso.
Isso porque somos serem parciais.
As pessoas dizem sim para quem elas gostam. Atendemos pedidos das pessoas de quem gostamos.
Criar uma conexão verdadeira, ser autêntico e cuidar das pessoas do seu time é um caminho para gerar confiança e trazer resultados.
Ser amado ou temido? Depende da sua estratégia e do seu objetivo. O ideal é unir ambos.
Esse é um dilema atual e que ainda gera uma reflexão profunda sobre os caminhos do poder e da liderança.
Uma vez…
Tínhamos um campanha para entregar. Uma oportunidade incrível de usarmos a criatividade e engajar pessoas.
A analista assumiu o desafio de desenhar o esboço. O prazo era apertado, mas ela conseguiria fazer o rascunho dentro do seu horário de trabalho.
Ela não foi pressionada. Ela estava se sentindo animada pela oportunidade de liderar um plano estratégico.
No dia de apresentar a proposta, ela surpreendeu. Estava muito além das expectativas.
Ficou claro que ela trabalhou no fim de semana para lapidar a ideia proposta.
Embora ela não tenha registrado a hora de trabalho no ponto eletrônico, questionei e ela confessou que havia trabalhado no domingo.
Ela disse que não conseguia entregar menos do que aquilo. Que estava cheia de ideias, que queria surpreender.
Ela deu o seu melhor, o “a mais”, sem que ninguém pedisse.
Fiz os alinhamentos sobre ela equilibrar vida pessoal e trabalho e agradeci o esforço extra.
Pessoas fazem mais por causa de pessoas. Ela queria ser validada, se sentia grata e queria retribuir. Estava animada e motivada.
A verdade é que as pessoas dizem sim para quem elas gostam. Dizem sim para pessoas. Não para coisas, empresas ou projetos.
Como líder, seu papel é extrair o melhor das pessoas e conquistar seguidores que te vejam como inspiração.
RITUAL DE LIDERANÇA
O líder é o guardião da cultura. Ele dá o tom.
Eu achava que estava indo bem, até que uma pessoa da minha equipe, anos depois de ser contratada, confessou que tinha medo de mim.
Ela afirmou que quando eu me aproximava, ela ficava tensa.
Isso soou um alerta em mim. Pessoas com medo ficam paralisadas e não conseguem dar o seu melhor.
Corrigi a rota, passei a receber estagiárias com intencionalidade. Elas não sentiriam mais medo. Elas se sentiriam parte.
Anos depois, uma nova estagiária é recebida. E, próximo ao fim de seu contrato conosco, ela me disse:
“Eu disse pra minha mãe que aqui eu posso ser eu mesma”
“Aqui tem muito acolhimento, não tem como se sentir excluída”
“Eu estou aprendendo muito com vocês, e também tenho vencido a timidez, vocês me deixam confortáveis pra isso”.
Essa estagiária nos desafiava. Fazia questionamentos para melhoria constante. Entregava com agilidade e agregava ao time.
Ela só precisou se sentir parte.
E tudo que eu precisava era não ser temida.
VÁ FUNDO NESSE TEMA
JOEL JOTA PODCAST - O que todo líder precisa saber sobre gestão de equipes
Uma conversa com o Bernardo Rocha de Rezende, conhecido como Bernardinho, ex-jogador, treinador de voleibol, economista e empresário brasileiro.
Como treinador, Bernardinho é um dos maiores campeões da história do voleibol, acumulando mais de trinta títulos importantes em vinte e dois anos de carreira dirigindo as seleções brasileiras feminina e masculina.
“Na vida somos sempre aprendizes e o líder é lifelong learning”.